Pequena,
franzina,
morena,
a sofrer
desde menina,
quando a aliança
entre a fantasia
e a esperança
era ainda rainha.
Dia a dia,
dorida,
seu ser
se doou
a gerar vida!
E sempre sorria,
contente!
Nem o tormento,
a dor
da partida
de um rebento,
lhe suavizou
seu presente
de amor
“Mãe!
Naquele dia,
teu rosto ameno
como um passarinho,
sereno,
deitado,
dormia
em seu ninho
de Morte!
E sorria,
belo, delicado,
forte!
E não compreendia
a dor
da separação,
ainda resplandecia
numa oração
de bondade
e amor!”
“Mãe!
E a saudade?”
E tu, ternamente,
sorrindo:
“Meu menino,
é amor
também
florindo
no teu coração
de gente,
pequenino!”
“A tua bondade
é infinda!
Tive tanta sorte
por seres a minha Mãe!
És tão linda!
Sempre tão forte
no amor!
Lembras-te daquele dia
em que, alvoroçado,
te dizia,
afogueado
de emoção?”
«Mãe, vou p’ra escola!»
“Com que alegria
me preparaste
e na minha mão
colocaste
a sacola,
sorrindo!”
“Vai, pequenino,
vai indo,
vai abraçar
teu sonho de menino,
teu desejo de saber!
Vai rir e saltar,
e aprender!”
Mãe,
e a redacção
que me ensinavas,
enquanto cosias
e remendavas?
E a canção
que cantavas
contente
e com doçura,
p’ra eu dormir?
E nada pedias,
só davas
ternura,
eternamente
a sorrir!”
“Ó Mãe!
O teu carinho
não tem fim!
Teu ninho
só de amor
construído,
com muita dor
mas nunca vencido,
foi um jardim
florido!
Por isso, também
não o vencerá
a Morte,
não!
Que o amor
é mais forte
que a dor
e o meu coração
nem um dia
t’ esquecerá!
Mãe,
tu também
és MARIA!”
(Francisco)
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