Olho vivo, bem aberto e altivo, franzina, desafiando seu apressado porvir. Menina, botãozinho cheio e desperto, em seu ninho a sorrir!
Era um raminho de seu maternal seio acordando bem cedinho, um coraçãozinho florindo!
Riti, toma a papinha!
Tal um passarinho, sorrindo, voa do ninho e asinha!
Isso é p’ra ti! já sou crescidinha, sei bem o caminho!
É agora uma Flor! às vezes sisuda mas ordenada, sonhando com sua verdade, obstinada na sua vontade.
Nem sempre o Fado é desventura! E eu tenho um Amor, bem cedo acordado, é verdade, e em tempo de dor, mas que cresceu e floresceu, um agasalho de ternura.
Numa amena madrugada, domingueira, indolente, ensolarada. De repente, bem à beira d’ aurora, anunciaste a tua chegada.
E logo contra a demora desesperaste, ardente, indomável a um mundo diferente qu’ impedia teu desejo ingente de luz do dia.
Cresceste sonhador, em obstinada e adorável porfia do belo, do puro e singelo. Nessa candura, bem à tua maneira, uma cruzada em busca de um abrigo d’ amor e de brandura. E contente contigo só com um pouco de brincadeira inocente, em rotura com um mundo louco.
És diferente, amoroso, teu ser vibrando e apenas d’ amor se dando, ansioso, mendigando compreensão e o calor de um carinho.
Que amargura! No teu coração de menino há revolta, desilusão e dor que perdura! No teu ninho, pequenino de ambição, a vida é bela como uma flor. Nele, as crianças, na sua alvura singela, sorrirão embaladas e de brandura afogueadas em alianças d’ amor.
Tanta desilusão de quem só te devia compreensão e não sabia a tua razão! Porque a tua formosura está na singeleza do amor que inunda o teu coração de ternura e não n’ avareza de um mundo cão que só sabe ofertar-te dor!